segunda-feira, 25 de julho de 2011

COMO O HOMEM ENCARA A MULHER DE HOJE?

Revista UMA - julho 2011



A marcha pela suposta igualdade de direitos entre homens e mulheres parece estar caminhando paralelamente ao aumento do divergências nos relacionamentos. Segundo a psicanálise, a atração entre homem e mulher está baseada na diferença existente entre eles, principalmente a anatômica: ele possui o que ela não possui, um pênis !                                  

No entanto, hoje, aos olhos masculinos, a mulher contemporânea, independente e que mantém tantas ¨petecas¨ no ar sem deixá-las cair (sabe-se lá a que preço), é poderosa. Para eles essa mulher possui, representativamente, a mesma ferramenta que confere poder a eles. Diante da mulher moderna os homens costumam sentir-se impotentes, às vezes literalmente, e passam até mesmo a concorrer com elas, ou se tornam indiferente a elas. A comprovação disso é uma queixa feminina que recebo freqüentemente no meu consultório. As mulheres costumam queixar-se que os homens não têm iniciativa na cama e, quando tem, parecem não saber como agir.

Ao mesmo tempo em que há a busca pela “igualdade”, há também padrões de comportamento aos quais fomos educados e que ainda predominam na nossa sociedade. Grande parte das mulheres espera uma atitude protetora dos homens, porém, muitas vezes, elas não deixam espaço para tal, pois para ela seria uma demonstração de fraqueza. Os homens, por sua vez, querem mulheres independentes (financeiramente), porém esperam delas uma postura feminina e servil. É... não é tão simples.

Não muito tempo atrás, o acesso à vida sexual ativa para a mulher era legitimado por meio do casamento. Com a liberação feminina isso mudou: o sexo sem o peso do pecado não mais é um privilégio masculino, e foi a própria mulher que se conferiu esse direito, diluindo nesse caso alguns conceitos de feminino e masculino. A mulher contemporânea, que lida com tantas tarefas, que mal tem tempo para si própria, encontra-se também muito sozinha. Geralmente a expectativa dela é encontrar um homem amigo e amante, companheiro e cúmplice, buscando assim outra forma de igualdade. Contudo, quando ela demonstra esse desejo, corre o grande risco de ser interpretada como pegajosa e dependente, assustando principalmente aquele homem que já passou por algumas experiências afetivas frustradas.

O tema é tão complexo que merece estudo aprofundado! Em recente pesquisa feita na Escandinávia sobre a igualdade entre sexos nos casais bem-sucedidos, de vários países, o segredo do bom entendimento entre eles era a “negociação¨ associado à suposição de que os casais modernos podem escolher mais livremente como lidar com a relação e a vida em comum. Os exemplos encontrados dentro do que se pode definir como negociação entre esses casais estavam intimamente relacionados a tocar a vida em comum para frente, a fim de alcançarem principalmente os objetivos da vida do casal de forma prática. Os entrevistados afirmaram que as decisões eram feitas sem muita reflexão, não dando origem a grandes discussões. Essa fórmula agrada bastante aos homens que, ao contrário das mulheres, encontram dificuldade para falar de seus sentimentos e funcionam melhor objetivamente. As rotinas e os rituais da vida cotidiana deles eram em muitos aspectos relacionados com as noções tradicionais relativas ao sexo masculino e feminino. Entretanto, esses casais não consideravam a divisão das tarefas a partir do conceito de feminino e masculino. Eles relacionavam a divisão (o que cabia a um e a outro) como sendo fruto da personalidade, interesses e competências de cada um e principalmente praticidade.Foi provado, então, ao contrário do que se esperava, que rituais e um pouco de rotina são fatores decisivos na maneira com que os casais afetivamente bem sucedidos em suas relações organizavam suas vidas em comum.

Os que desviavam desse padrão eram os homens e mulheres que atribuiam extremo valor à auto-suficiência e o "não contar" com o outro como sinônimo de independência, não criando oportunidades para o desenvolvimento de rotinas e rituais em comum.

Portanto, baseado na experiência dos relacionamentos bem-sucedidos, pode-se concluir que a conversa leve, o senso de praticidade e principalmente a vontade de fazer a relação e a vida em comum funcionarem – cumplicidade, consideração e companheirismo- são os motivos mais aparentes do sucesso a dois.