sábado, 17 de dezembro de 2011

VOCE SABE COMO LIDAR COM O CIÚME

REVISTA UMA - agosto 2011



Inúmeras tragédias ocorridas ao longo da história tiveram como estopim o ciúme Constantemente vemos nos noticiários dramas passionais que tomam proporções descabidas e irracionais resultando em assassinatos, seqüestros e outras barbaridades, cometidas em nome desse sentimento que é profundamente complexo.

O ciúme como outro sentimento qualquer é inerente aos homens e as mulheres. Dependendo da intensidade ele pode causar enorme sofrimento tanto para quem sente o ciúme quanto para quem é alvo dele.

Esse doloroso sentimento nasce da ameaça de perda, abandono, de perder a preferência, de deixar de ser único na vida do outro. O ciúme nos acompanha desde a infância, e a forma com a qual lidamos com ele na vida adulta está relacionada à história e a experiência de vida de cada um. Real ou irreal o ciúme é devastador para quem é invadido por ele.

A baixa autoestima e a baixa autoimagem são fatores decisivos na forma de sentir e lidar com o ciúme. Por esse motivo, algumas pessoas que se consideram desinteressantes podem por exemplo procurar situações que possam provocar ciúme no parceiro, como forma de se atribuírem maior importância e valor. Da mesma maneira, aquele cuja autoestima e/ou autoimagem estão em baixa, tem muito maior propensão a ser invadido pelo ciúme.

Em ambos os casos a terapia ajudaria na descoberta dos motivos do descontentamento consigo mesmo e a encontrar caminhos para relacionamentos mais saudáveis, além de equacionar outros aspectos da vida emperrados pela mesma problemática, amenizando também o sofrimento.

A situação fica bem mais complicada quando o ciúme é do tipo delirante, ou seja, doentio e irreal.


O exemplo comum disso é quando repetidas vezes o parceiro te acusa de olhar ou mostrar interesse por alguém que você nem sequer havia prestado atenção ou até mesmo desconhece. Nesse caso foi ele, o parceiro, que viu atributos interessantes em outro homem e inconscientemente até se sentiu atraído por ele, porém atribuiu a você esse interesse. O mecanismo atuante aqui é a “projeção“, ou seja, o individuo projeta seus próprios sentimentos indesejáveis na outra pessoa. Por ser inconsciente, esse mecanismo de defesa chamado “projeção” impossibilita o diálogo racional sobre o tema, já que a pessoa que projeta se isenta de qualquer participação na trama, responsabilizando somente o outro. Nesse caso deve-se procurar com urgência a ajuda psicológica e médica, pois não raramente pode ter um desfecho bastante infeliz para os envolvidos.

Mas o ciúme manifesto de forma branda não é necessariamente prejudicial à relação e não causa tanto sofrimento aos envolvidos. Dependendo do caso, pode até contribuir positivamente com o relacionamento. É aquele exemplo quando a relação está meio estagnada e o casal já não presta mais atenção um no outro. De repente um dos envolvidos se depara com a ameaça de perda despertando ciúme e consequentemente maior atenção às qualidades do outro.

Portanto a intensidade, o grau de sofrimento e a maneira como o ciúme é exteriorizado é que vai caracterizar se ele é patológico (maléfico, doentio) ou não.

Toda convivência próxima está sujeita a armadilhas que colocam à prova a relação. Um relacionamento saudável exige constante diálogo e principalmente boa vontade. O diálogo franco, com respeito, e, principalmente a vontade de fazer dar certo é a melhor forma de chegar a uma conclusão sensata para ambas as partes.