sábado, 17 de dezembro de 2011

VOCE SABE COMO LIDAR COM O CIÚME

REVISTA UMA - agosto 2011



Inúmeras tragédias ocorridas ao longo da história tiveram como estopim o ciúme Constantemente vemos nos noticiários dramas passionais que tomam proporções descabidas e irracionais resultando em assassinatos, seqüestros e outras barbaridades, cometidas em nome desse sentimento que é profundamente complexo.

O ciúme como outro sentimento qualquer é inerente aos homens e as mulheres. Dependendo da intensidade ele pode causar enorme sofrimento tanto para quem sente o ciúme quanto para quem é alvo dele.

Esse doloroso sentimento nasce da ameaça de perda, abandono, de perder a preferência, de deixar de ser único na vida do outro. O ciúme nos acompanha desde a infância, e a forma com a qual lidamos com ele na vida adulta está relacionada à história e a experiência de vida de cada um. Real ou irreal o ciúme é devastador para quem é invadido por ele.

A baixa autoestima e a baixa autoimagem são fatores decisivos na forma de sentir e lidar com o ciúme. Por esse motivo, algumas pessoas que se consideram desinteressantes podem por exemplo procurar situações que possam provocar ciúme no parceiro, como forma de se atribuírem maior importância e valor. Da mesma maneira, aquele cuja autoestima e/ou autoimagem estão em baixa, tem muito maior propensão a ser invadido pelo ciúme.

Em ambos os casos a terapia ajudaria na descoberta dos motivos do descontentamento consigo mesmo e a encontrar caminhos para relacionamentos mais saudáveis, além de equacionar outros aspectos da vida emperrados pela mesma problemática, amenizando também o sofrimento.

A situação fica bem mais complicada quando o ciúme é do tipo delirante, ou seja, doentio e irreal.


O exemplo comum disso é quando repetidas vezes o parceiro te acusa de olhar ou mostrar interesse por alguém que você nem sequer havia prestado atenção ou até mesmo desconhece. Nesse caso foi ele, o parceiro, que viu atributos interessantes em outro homem e inconscientemente até se sentiu atraído por ele, porém atribuiu a você esse interesse. O mecanismo atuante aqui é a “projeção“, ou seja, o individuo projeta seus próprios sentimentos indesejáveis na outra pessoa. Por ser inconsciente, esse mecanismo de defesa chamado “projeção” impossibilita o diálogo racional sobre o tema, já que a pessoa que projeta se isenta de qualquer participação na trama, responsabilizando somente o outro. Nesse caso deve-se procurar com urgência a ajuda psicológica e médica, pois não raramente pode ter um desfecho bastante infeliz para os envolvidos.

Mas o ciúme manifesto de forma branda não é necessariamente prejudicial à relação e não causa tanto sofrimento aos envolvidos. Dependendo do caso, pode até contribuir positivamente com o relacionamento. É aquele exemplo quando a relação está meio estagnada e o casal já não presta mais atenção um no outro. De repente um dos envolvidos se depara com a ameaça de perda despertando ciúme e consequentemente maior atenção às qualidades do outro.

Portanto a intensidade, o grau de sofrimento e a maneira como o ciúme é exteriorizado é que vai caracterizar se ele é patológico (maléfico, doentio) ou não.

Toda convivência próxima está sujeita a armadilhas que colocam à prova a relação. Um relacionamento saudável exige constante diálogo e principalmente boa vontade. O diálogo franco, com respeito, e, principalmente a vontade de fazer dar certo é a melhor forma de chegar a uma conclusão sensata para ambas as partes.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

COMO O HOMEM ENCARA A MULHER DE HOJE?

Revista UMA - julho 2011



A marcha pela suposta igualdade de direitos entre homens e mulheres parece estar caminhando paralelamente ao aumento do divergências nos relacionamentos. Segundo a psicanálise, a atração entre homem e mulher está baseada na diferença existente entre eles, principalmente a anatômica: ele possui o que ela não possui, um pênis !                                  

No entanto, hoje, aos olhos masculinos, a mulher contemporânea, independente e que mantém tantas ¨petecas¨ no ar sem deixá-las cair (sabe-se lá a que preço), é poderosa. Para eles essa mulher possui, representativamente, a mesma ferramenta que confere poder a eles. Diante da mulher moderna os homens costumam sentir-se impotentes, às vezes literalmente, e passam até mesmo a concorrer com elas, ou se tornam indiferente a elas. A comprovação disso é uma queixa feminina que recebo freqüentemente no meu consultório. As mulheres costumam queixar-se que os homens não têm iniciativa na cama e, quando tem, parecem não saber como agir.

Ao mesmo tempo em que há a busca pela “igualdade”, há também padrões de comportamento aos quais fomos educados e que ainda predominam na nossa sociedade. Grande parte das mulheres espera uma atitude protetora dos homens, porém, muitas vezes, elas não deixam espaço para tal, pois para ela seria uma demonstração de fraqueza. Os homens, por sua vez, querem mulheres independentes (financeiramente), porém esperam delas uma postura feminina e servil. É... não é tão simples.

Não muito tempo atrás, o acesso à vida sexual ativa para a mulher era legitimado por meio do casamento. Com a liberação feminina isso mudou: o sexo sem o peso do pecado não mais é um privilégio masculino, e foi a própria mulher que se conferiu esse direito, diluindo nesse caso alguns conceitos de feminino e masculino. A mulher contemporânea, que lida com tantas tarefas, que mal tem tempo para si própria, encontra-se também muito sozinha. Geralmente a expectativa dela é encontrar um homem amigo e amante, companheiro e cúmplice, buscando assim outra forma de igualdade. Contudo, quando ela demonstra esse desejo, corre o grande risco de ser interpretada como pegajosa e dependente, assustando principalmente aquele homem que já passou por algumas experiências afetivas frustradas.

O tema é tão complexo que merece estudo aprofundado! Em recente pesquisa feita na Escandinávia sobre a igualdade entre sexos nos casais bem-sucedidos, de vários países, o segredo do bom entendimento entre eles era a “negociação¨ associado à suposição de que os casais modernos podem escolher mais livremente como lidar com a relação e a vida em comum. Os exemplos encontrados dentro do que se pode definir como negociação entre esses casais estavam intimamente relacionados a tocar a vida em comum para frente, a fim de alcançarem principalmente os objetivos da vida do casal de forma prática. Os entrevistados afirmaram que as decisões eram feitas sem muita reflexão, não dando origem a grandes discussões. Essa fórmula agrada bastante aos homens que, ao contrário das mulheres, encontram dificuldade para falar de seus sentimentos e funcionam melhor objetivamente. As rotinas e os rituais da vida cotidiana deles eram em muitos aspectos relacionados com as noções tradicionais relativas ao sexo masculino e feminino. Entretanto, esses casais não consideravam a divisão das tarefas a partir do conceito de feminino e masculino. Eles relacionavam a divisão (o que cabia a um e a outro) como sendo fruto da personalidade, interesses e competências de cada um e principalmente praticidade.Foi provado, então, ao contrário do que se esperava, que rituais e um pouco de rotina são fatores decisivos na maneira com que os casais afetivamente bem sucedidos em suas relações organizavam suas vidas em comum.

Os que desviavam desse padrão eram os homens e mulheres que atribuiam extremo valor à auto-suficiência e o "não contar" com o outro como sinônimo de independência, não criando oportunidades para o desenvolvimento de rotinas e rituais em comum.

Portanto, baseado na experiência dos relacionamentos bem-sucedidos, pode-se concluir que a conversa leve, o senso de praticidade e principalmente a vontade de fazer a relação e a vida em comum funcionarem – cumplicidade, consideração e companheirismo- são os motivos mais aparentes do sucesso a dois.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O QUE FAZER APÓS UMA TRAICÃO ?

 

Revista UMA  - junho 2011
 



Apesar da infidelidade não ser incomum nos relacionamentos, ela continua ainda sendo uma problemática difícil de lidar. A questão da traição é complexa, altamente perturbadora e desorientadora sendo capaz de gerar muito sofrimento e destruir uniões estáveis.

A traição, por definição, envolve inúmeros segredos e mentiras que quando descobertos, destroem a confiança depositada no homem que traiu.
Por esse motivo, descobrir que foi traida é sempre um acontecimento devastador, considerando que a quebra da confiança depositada nele significa também o rompimento de um acordo e até mesmo o término de um projeto de vida juntos.
A desconfiança causada pelos segredos e mentiras conseqüentes da traição, produz ciúme, as vezes desproporcional, na pessoa traída, até mais do que pelo próprio sexo que aconteceu com outra mulher.

A culpa é também um sentimento perturbador vivenciado pela mulher traída. Culpar constantemente o homem pelo que aconteceu, é uma reação comum. Porém a situação pode se agravar ainda mais quando a mulher direciona a culpa pela infidelidade para si própria, se responsabilizando integralmente por ter sido traída pelo homem. Porém quando ambos se sentem responsáveis a superação se torna mais impossível de acontecer. Perdoar a traição é um processo difícil e trabalhoso e implica antes de tudo na reconstrução da confiança que foi depositada no homem, e que se destruiu quando o fato da traição foi revelado Essa desagradável experiência também pode fazer com que o casal cresça, levando assim ao fortalecimento do relacionamento, tornando os dois mais cúmplices um do outro. É um processo que exige tempo e muita dedicação tanto da parte dele quanto da parte da mulher.

Quando os sentimentos desagradáveis são superados e a confiança reconquistada, a traição passa a ser mais uma das experiências ruins que a vida apresentou ao casal. Porém reconstruir a confiança, elaborar a culpa e o ciúme exige muito empenho e vontade e ainda por cima precisa haver o reconhecimento de que realmente vai “valer a pena”.
Quando isso já não e mais possível a maioria opta pela separação, o que é o mais comum de acontecer.
A experiência da traição abala diretamente a auto estima da mulher e em caso de separação ela provavelmente levará esses “fantasmas” para as relações futuras.




E como fica o desejo e a vontade de estar em boa companhia, de aconchego, de sentir-se amada?
Ter sido traída uma vez não significa que isso também acontecerá nos relacionamentos futuros. O importante é que o trauma da traição seja equacionado caso contrario será certamente um grande empecilho para você reconstruir a vida a dois.
E se você, por acaso, for do tipo que geralmente se apaixona por homens “errados” ou traidores compulsivos, o melhor a fazer é procurar o apoio de um profissional que lhe ajudará a entender e reorganizar sua vida.
Muitas pessoas que não foram felizes no primeiro casamento conseguem essa realização no segundo ou no terceiro.
A convivência a dois exige muita habilidade. As experiências, os erros e os acertos das relações anteriores podem servir como preparatório para que o próximo encontro revele segredos e descobertas que realmente valham a pena.





segunda-feira, 16 de maio de 2011

AGRESSÃO ÀS MULHERES - O Seu Parceiro Tem Um Perfil Agressor ?

Revista UMA - maio 2011





A violência contra a mulher é universal e não vinculada à classe sócio econômica. Além das marcas físicas, a violência doméstica costuma causar também sérios prejuízos emocionais. O tema da violência contra a mulher tem sido foco de muita controvérsia ultimamente e isso se deve ao fato de que algumas vítimas, munidas de muita coragem e determinação resolveram se pronunciar. O homem que agride costuma mostrar indícios, sinais, porém a mulher não entende ou “não quer ver”. Às vezes ele já se revela logo no inicio da relação, outros se camuflam por mais tempo.

Pesquisadores do tema concordam que os agressores têm em geral valores estereotipados em relação à mulher e esses valores exercem função central no relacionamento afetivo do agressor com a ela. Os tipos mais comuns são: os homens controladores, que querem decidir quem a mulher deve ou não falar ou se relacionar, os que costumam se referir as mulheres por nomes pejorativos e palavras ofensivas, os extremamente ciumentos, os de personalidade explosiva que gostam de resolver as situações desagradáveis quebrando ou chutando coisas, homens violentos, com pessoas na rua, com parentes próximos, (irmã, mãe). A probabilidade que essa agressão se volte contra você é de quase 100%.

Muitas vezes a agressão acontece quando o homem está alcoolizado ou drogado. Mas o álcool ou a droga não são desculpa, mas sim elementos que, no caso, liberam a agressividade do individuo. O melhor a fazer nessa situação e não discutir ou tentar dar explicações, mas deixar o local e pedir ajuda.

É frequente ver casos de maus tratos à parceira quando afetados pelo álcool porém nem todos os homens que bebem maltratam mulheres e também existem os tipos que agridem das duas formas, quando alcoolizados e quando não alcoolizados.

A dependência financeira deixa a mulher numa situação delicada, e ela suporta a situação, o que para agressor funciona como uma espécie de “direito de agredi-la”. A agressão física também agride psicologicamente. Há também a violência psicológica ou agressão emocional, caracterizada por constante rejeição, ameaças de agressão ou de morte, depreciação, ofensas, humilhação, desrespeito, , bem como as crises de quebra de objetos ou mobílias, por exemplo. dores constantes no corpo, dores de cabeça, palpitações, pesadelos, fibromialgia etc.

Muitos agressores cresceram em de lares onde a violência era o veiculo de comunicação do que não estava bom , utilizado pelos pais com os filhos, entre os pais e pelos irmãos mais velhos contra os menores. Há crianças que cresceram assistindo os frequentes maltratos sofridos pela mãe. E essas experiências deixam cicatrizes que impedem um bom desenvolvimento psíquico na vida adulta. A criança vitimizada não é consciente de que essa experiência É uma forma de agressão que causa danos profundos emocionalmente. As cicatrizes e as dores de quem vivenciou isso por longo período nesse caso, se expressam através das doenças psicossomáticas: dores de estomago, ruim a que foi submetida lhe causou prejuízos psíquicos. Mas, nem todos os que foram vitimas de agressão em casa se tornam agressores.




A vítima, quase sempre tem uma relação de dependência emocional com o agressor e é a dependência que faz a mulher perdoar as agressões. Se você for agredida, não tente desculpar o agressor ou assumir a responsabilidade. Se o homem te agrediu uma vez , ele certamente fará isso outra vez e intensidade da agressão tenderá a aumentar.Geralmente esses homens deixam sinais de sua agressão e de sua dificuldade nas relações interpessoais. Se você perceber algo estranho confie na sua intuição, comece a fazer anotações , sobre suas observações. Muitos desses homens não sabem falar sobre seus sentimentos por isso não tente dar uma psicóloga.

Não hesite em denuncia-lo. A delegacia feminina está funcionando muito bem em muitos lugares do pais, graças a lei Maria da Penha.Lembre-se que a agressão física é também psíquica e vice versa. Fique
atenta para ambas!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O PODER DAS MULHERES

Revista UMA - abril 2011


Os tiros de largada que introduziram a mulher no mercado de trabalho foram as duas grandes guerras mundiais.  Com os homens concentrados no front força da mão de obra feminina se fez necessária em diferentes segmentos.
Até meados do século passado a mulher que trabalhava “fora”, era vista como não muito respeitável.  Se ela “tivesse a sorte” de cair na graça  do “patrão” e casar-se com ele, deixaria então a dura vida e se transformaria emmadame”.
Mas nem todas tinham esse objetivo. Estas viam, na independência econômica e no reconhecimento intelectual, uma conquista e um veiculo de realização pessoal outras foram empurradas para o trabalho fora do lar, quando somente o salário do homem não mais era suficiente e a obtenção de direitos socias vinculou-se à produção.
Aqui ela se tornou “mais poderosa” e adquiriu papeis que antes eram exclusivamente dos homens: o sustento e a competitividade profissional. Porém, ficou abaixo, pois os salários sempre foram inferiores e as pesquisas comprovam que as mulheres são tão competentes quanto os homens e as vezes, até mais. Na Suécia, um dos paises onde existem mais mulheres em cargos poderosos, os salários delas ainda são inferiores aos dos homens

 No entanto a grande guinada do poder feminino veio com a pílula anticoncepcional nos anos 1970, que conferiu maior autonomia sobre o próprio corpo. Com a independência econômica aliada a pílula algumas já não enxergavam mais a função de um homem em suas vidas, alem da reprodução. A partir daí começaram a surgir as “produções independentes”. Além disso,  elas “conquistaram” áreas consideradas exclusivamente masculinas, como o mundo das ciências exatas e até o cargo de presidência de um país em desenvolvimento. A grande maioria que constituiu família, no modelo tradicional, pai mãe, filhos, e que se dedicou também à vida profissional, passou a ter suas jornadas mais pesadas.  Além da criação dos filhos, dos cuidados com o lar e o marido, elas ainda trabalham fora de casa. Nesse processo, a mulher adquiriu inúmeros novos papéis e atribuições. Na ultima década, em paises considerados desenvolvidos, o número de mulheres que faltam ao trabalho por motivo de doença tem aumentado consideravelmente e o diagnóstico mais comum é a síndrome do Burnout.
Alguns sintomas são: esgotamento físico e mental intenso, depressão, mudanças evidentes no comportamento, isolamento, desesperança, dores de cabeça, tremores, falta de ar, oscilações de humor, distúrbio do sono, dificuldades de concentração (esquecimento), problemas digestivos e assim por diante, muita vezes confundida com TPM e problemas psíquicos.

Mas o que aconteceu? Ao mesmo tempo em que as mulheres adquiriram múltiplas funções os homens em geral, parecem não ter acompanhado esse processo. E as mulheres ficaram sobrecarregadas de responsabilidades e afazeres e conseqüentemente mais sozinhas. No dia a dia entre homem e mulher a grande maioria vem enfrentando dificuldades em traçar um novo formato de convivência e orçamento familiar a partir das ”aquisições” femininas. Mais do que nunca se tornou necessário compartilhar, respeitar, dividir tarefas.  Enfim compreender uma situação nova que, antes não existia. A mulher moderna busca, em primeiro plano, um companheiro, amigo e amante que a compreenda, respeite e admire.
Ela precisa usar sua força para ajudar os homens, filhos, maridos, amigos, a também conquistar seus novos papéis.




domingo, 10 de abril de 2011

AMOR VIRTUAL X AMOR REAL

Revista UMA- março 2011

 
Diferentes motivos e intenções levam homens a se inscreverem em um site de relacionamento e namoro, segundo a pesquisa feita no maior site de relacionamento e namoro do país.
Muitos desses homens querem realmente encontrar uma mulher, uma parceira com interesses semelhantes para um relacionamento afetivo sério. Um grupo significativo desses homens têm como objetivo apenas sexo, virtual ou real.
 
Uma minoria quer somente o encontro virtual, ficam horas a fio teclando e/ou fazendo sexo virtual com suas parceiras virtuais.
Um número bem pequeno de homens usa o site de relacionamento como instrumento de autopromoção, ou seja, enviam na mensagem de contato o endereço do site pessoal ou de seu blog para visitação.
Pode-se constatar também que os freqüentadores do site de relacionamento se sentem solitários porém poucos conseguem desenvolver um relacionamento afetivo mais duradouro. Verifica-se ainda que o site de relacionamentos propicia não só a aproximação, mas também o rompimento de relações amorosas.
Desenvolver um relacionamento nos tempos atuais parece ter se tornado uma difícil arte, quase uma odisséia. E os 40 homens entrevistados, em São Paulo e no Rio, no maior site de relacionamentos do país se revelaram indivíduos mais ou menos capacitados para isso.
 

O que mudou?
A maneira tradicional de se iniciar um relacionamento até então acontecia em ambientes sociais no mundo real; e os sinais de interesse eram comunicados através da troca de olhares, da expressão facial e gestual, do tom de voz, ou seja, uma maneira quase instintiva e usual.
No ambiente virtual a aproximação ocorre mediada pela tecnologia. A interface não é mais o outro mas sim a tela do computador. É inegável a influência que a tecnologia exerce nas pessoas na vida cotidiana moderna e isso vem limitando cada vez mais os contatos pessoais e as relações sociais no mundo real.
Os sites de relacionamento e namoro prometem a possibilidade da realização do desejo, de estabelecer laços afetivos mais profundos (namoro e até casamento), principalmente para aqueles no qual a falta de tempo e as oportunidades de isolamento são bem maiores do que as oportunidades de desenvolver relações pessoais e contatos sociais.
Porém, a utilização desses sites configura um modo diferente de busca, aproximação e relacionamento.


Como acontece ?
No mundo virtual dos sites de relacionamento o primeiro contato acontece através de e-mail geralmente seguido pela troca de fotos, ou iniciando o bate-papo pelo chat do próprio site ou pelo MSN, com ou sem a ajuda da webcam. Em seguida os internautas passam conversar por telefone e, como último passo do processo vem o encontro pessoal no mundo real.
Os 40 homens entrevistados, internautas do maior site de relacionamentos do país, tinham entre 35 e 50 anos de idade, 85% com curso superior completo e residiam nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
60% dos entrevistados do site de relacionamento se mostraram realmente interessados em estabelecer vínculos afetivos mais profundos com uma mulher. Na busca, eles se fixavam primeiramente na foto e depois na descrição do perfil da mulher. A coerência entre o que a foto transmitia e a descrição do perfil eram os fatores mais decisivos que levariam os freqüentadores mais sérios ao segundo passo, ou seja, o contato por e-mail.
Os homens interessados em relacionamento buscavam mulheres com interesses parecidos com os seus próprios, que apresentavam traços de personalidade, caráter e gostos similares aos seus.
Pesquisas na área de antropologia confirmam essa afirmativa, ou seja, que a atração maior acontece entre os mais parecidos. Porém não é descartada a possibilidade de que os opostos possam se atrair, mas a atração entre os diferentes esta longe de ser a regra, mas sim exceção.
O contato, com a finalidade de relacionamento, através do virtual, é sem dúvida uma prática que apresenta uma estética bem diferente do encontro que se inicia no mundo real.
Porém essa prática inclui mecanismos que também estão presentes quando o encontro acontece de forma espontânea no mundo real, ou seja, as motivações, as estratégias de aproximação ou afastamento, os critérios de escolha, muita idealização e fantasia a respeito da outra pessoa e inúmeras expectativas.
Pelo fato do encontro virtual não acontecer na presença física do outro, esses mecanismos podem tomar proporções bem irreais.
Existem muitas definições da palavra “virtual”. As mais importantes significações desse termo são apresentadas por Lévy Pierre - professor de cultura cyber e comunicação social.
A primeira delas se refere ao processo de digitalização da informação. A segunda remete à idéia de que o virtual é imaginário, irreal, opondo-se à existência material ou tangível das coisas. O terceiro sentido tem origem no latim, "virtus", e significa aquilo que existe em potencial e não em ação.
A partir das definições de Lévy fica claro então, que os mecanismos que entram em ação quando se estabelece um primeiro contato visando um relacionamento afetivo através do mundo virtual são por definição mecanismos que se diferenciam de quando o primeiro encontro ocorre no mundo real.
Por esse motivo, a passagem do encontro virtual para o encontro real exige uma certa habilidade. Essa mudança corre o grande risco de se tornar frustrante e até caótica quando as expectativas virtuais caem por terra no mundo real.


O encontro pessoal na realidade
O encontro de fato, no mundo real, era um momento bastante esperado pelos freqüentadores do site de relacionamento. Esse momento era considerado bem delicado, já que a possibilidade de formar fantasias e idealizações a respeito da outra pessoa se viam mais reduzidas e muitas das expectativas geradas on-line caíam por terra nesse momento. A aproximação face a face e o diálogo espontâneo eram bastante diferentes do encontro e do dialogo virtual, pois já não era mais possível deletar a frase escrita antes de clicar em "enviar". Também já não era mais possível amenizar ou reforçar o significado do que estava sendo comunicado através das carinhas (smiles), imitando expressões faciais de alegria, surpresa ou tristeza.
A tecnologia eletrônica dirigida aos encontros e namoros reproduz aquilo que encontramos no mundo real, no que diz respeito a padrões de seletividade, masculinidade e feminilidade, desejo e atração, comportamento e fantasias. Se houver desejo ele se revelará e se houver decepção, idem.




Sedução
A grande habilidade de alguns internautas entrevistados se revelou na arte de induzir um certo interesse sobre si. Primeiro a partir da fotografia e dos itens escolhidos na definição do perfil, e também através das descrições persuasivas sobre si mesmo. O objetivo dos freqüentadores
variou desde encontros que visavam apenas sexo, ou um relacionamento afetivo e também sexual; à experiências sexuais solitárias (masturbação virtual).
Um número reduzido de homens usava o site para auto promoção, enviavam o endereço do blog ou site pessoal induzindo à visitação.

 
Ideal de beleza, juventude e fidelidade
80% dos homens exibiam fotos de quando eram pelo menos dois anos mais jovens, e nessas fotos eles se encontravam geralmente mais magros do que na atualidade.
30% dos homens não revelavam suas reais intenções e passavam um tipo de informação que não correspondia ao objetivo real. Eles diziam estar em busca de um relacionamento sério e se diziam ser "sempre fiéis” nos relacionamentos. Nas entrevistas revelou-se que muitos desses homens não sabiam realmente o que procuravam, já outros tinham a intenção de enganar. 40% dos homens buscavam relações puramente sexuais, mas não deixavam isso claro. Ao contrário eles diziam querer um relacionamento sério e se diziam fiéis. Desses 40% uma pequena parte considerava a possibilidade de envolvimento com uma mulher, porem não incluíam nesse pacote o compromisso pessoal, constância e fidelidade.



Compulsão
Para aqueles que queriam experiências passageiras, a Internet representou uma ferramenta adequada já que era possível relacionar-se com várias mulheres e às vezes até com as mesmas com quem já se teve contato anterior, neste caso, mudando-se o apelido e o perfil sem que a mulher soubesse que estava falando com quem já "conhecia”.
10% dos entrevistados transformam-se em personagens, simulavam identidades, adotavam traços de personalidade conforme a conquista exigia no momento. O exercício do jogo de sedução era reiniciado inúmeras vezes por esses homens, com um uma nova imagem, novo personagem e um novo texto argumentativo. A possibilidade de se assumir identidades diferentes permitiu também a esses entrevistados, usuários do site de encontro e namoro, a possibilidade de teclar simultaneamente com inúmeras mulheres de diferentes lugares sem, portanto, desenvolver vínculos mais profundos com nenhuma delas.



Sexo pelo sexo e sexo virtual
O relacionamento a dois implica necessariamente em compartilhar, dividir, negociar, trocar e fazer concessões. Administrar as diferenças, admitir intervenções da parceira pode ser uma tarefa bastante difícil de administrar, principalmente para os homens que tem como prioridade a auto suficiência.
Nessa categoria se incluíam os homens que estavam somente à busca de sexo virtual. Por diferentes razões não conseguiam estabelecer vínculos mais profundos com mulheres e não chegavam ao estágio do encontro pessoal, geralmente se desinteressando pela mulher logo após haverem concretizado seu objetivo. Eles também apresentavam dificuldades em falar sobre seus sentimentos.


Retirada
20 % dos entrevistados haviam entrado no site de relacionamento recentemente.
30% eram reincidentes e o motivo pelo qual haviam saído, pelo menos uma vez anteriormente, foi o fato de terem encontrado uma mulher com a qual eles estavam namorando.
Os novatos no site apresentavam muitas expectativas, 15% estavam certos de que sairiam com inúmeras mulheres e que sempre existiria a possibilidade de encontrar uma melhor do que a anterior.
A visão dos reincidentes que buscavam um relacionamento afetivo mais duradouro, era mais realista e eles consideravam imprescindível a retirada do perfil, tão logo encontrassem uma mulher que a “química” e os interesses fossem compatíveis.
Os reincidentes que realmente queriam um relacionamento atribuíam grande importância à retirada do perfil do site e estavam bem conscientes de que, se não fizessem isso, corriam grande risco de ficarem sozinhos, com uma enorme coleção de experiências frustradas.


Cuidado leitora
O ex delegado Roberto, da delegacia de estelionato, havia se infiltrado nesse mesmo site à procura de um homem que havia aplicado semelhante golpe em várias mulheres do site. O golpe consistia em seduzir a mulher a vender um de seus bens e o golpista ficava então com o dinheiro dela.
Roberto adverte que é importante estar atenta para alguns detalhes:

Ele explica “as mulheres mais carentes caem fácil na conversa dos oportunistas”.
Segundo o ex delegado as mulheres vitimas contribuíram em parte com o golpista, ou seja, levaram o golpista para dentro de casa e apresentaram seus filhos a ele. O golpe geralmente acontece após o golpista ter adquirido a confiança da mulher e dos filhos dela.
O golpista emitiu sinais claros de interesse sobre assuntos materiais, ou seja, perguntou bastante sobre vida profissional da mulher, mostrou interesse em saber sobre seu salário, seus bens etc.
O golpista era galanteador do que tipo que valorizava e elogiava ao extremo a mulher com a qual estava se correspondendo.
O golpista do site não apresentou vinculo profissional, e além disso nunca comentou sobre filhos, nem demonstrou vínculos afetivos mais profundos em relação a outras pessoas, ou seja, familiares ou pessoas próximas.
Roberto adverte que os homens que trabalham em grandes empresas costumam ser mais comprometidos, pela própria responsabilidade que o trabalho exige, comparados aos homens que trabalham por conta própria ou os que não têm vinculo empregatício.
Ele adverte também que a mulher deve comentar sobre o homem, que conheceu no site de relacionamento, com uma amiga ou amigo que tenha um bom julgamento sobre pessoas, pois quem esta de fora costuma avaliar melhor a situação. Antes de ir a um encontro a mulher deve saber o telefone fixo da residência e/ou do trabalho e também o endereço do homem e deixar essas informações com alguém de confiança. Também é importante anotar a placa do carro.
Claro que existem pessoas bem e mal intencionadas, mas o ex delgado Roberto finaliza lembrando quenão devemos esquecer que o inferno esta cheio de homens bem intencionados!”.


E enquanto não se encontra o homem ideal e real, fica-se navegando no mundo virtual sem saber se navega-se no ‘paraíso’ da virtualidade ou no ‘inferno’ da realidade.













quarta-feira, 30 de março de 2011

O ENCONTRO COM O NOVO


REVISTA UMA - fevereiro 2011



Os primeiros meses do tão esperado novo ano vêm sempre carregado de inúmeras expectativas, sonhos e esperanças.
As oferendas foram deixadas e os pedidos feitos. E a calcinha nova usada na virada foi mais um investimento na busca por melhor sorte. Rituais, costumes e tradições acompanham a transição do velho para o novo ano.
Como se costuma dizer: Ano Novo vida nova. As perspectivas relativas ao que se deseja realizar no próximo ano, são imensas: seja a busca um amor, um emprego, perder alguns quilinhos, ser uma mãe melhor, parar de fumar, realizar aquela viagem, e assim por diante. Todo recomeço de ano sugere então a expectativa de umrecomeço de vida”!
Diante de tantas metas traçadas se torna imprescindível o planejamento para realizá-las e concretizá-las.  Nesse processo se faz necessário um período de “fechamento para balanço”, umtime out”, depois da correria e do stress de um ano inteiro, que começa lentamente no ritmo que se acelera depois do carnaval.
Esse período é o momento ideal para o planejamento e a avaliação e, principalmente, as reflexões em torno das antigas expectativas.
O encontro com o novo é sempre surpreendente causando, conseqüentemente diferentes impressões e impactos.  Em determinadas situações, deparar-se com o novo pode ser fascinante, em outras, assustador. E o seu período de existência também pode variar, sendo assim aquilo que hoje é considerado novo poderá dentro de pouquíssimo tempo passar à condição de ultrapassado.
A expressão do novo se traduz através de diferentes comportamentos, posturas, atitudes e ações. O fascínio de poder contar com a possibilidade do novo está, sobretudo, na esperança de uma mudança, principalmente naquilo que você não está satisfeita.
Mas, quando a expectativa tende a ser positiva demais geralmente não se toma em conta os empecilhos e frustrações que certamente aparecerão durante no percurso. Por isso pode-se dizer que o novo pode ser facilmente idealizado e, portanto mais arrebatador será o impacto caso tudo de errado.  Nesse caso a novidade aparece e desaparece rapidamente, deixando somente um grande sentimento de decepção.
Porém, também pode sugerir aquilo que é totalmente desconhecido, justamente por não haver uma experiência prévia em relação a sua proposta. Assim, enquanto as “ferramentas” básicas para acolhê-lo ainda não tenham sido adquiridas, o novo pode se tornar temido e até mesmo sabotado.
Por vezes o tão esperado novo pode vir carregado de valores com os quais você, eventualmente, não está preparada para viver em harmonia com ele. É quando acontece antes hora, e pode provocar inquietação e transformar-se facilmente em ansiedade.
A infelicidade se faz presente quando um determinado novo é colocado em prática e não agrada, gerando facilmente culpa, raiva, tristeza e descontentamento, justamente por ter sido fruto da iniciativa de quem o desejou e acabou tornando-se vitima de seu próprio desejo.  No entanto o confronto com antigas expectativas pode ser mais surpreendente do que se imagina. É quando uma idéia já abandonada retorna, sinalizando que agora pode o momento para sua realização. Essa reaparição traz junto consigo a sensação de transitoriedade provando que os tempos mudam.
No decorrer do ano observam-se também aquelas metas que passaram por processos de amadurecimento e simplesmente desapareceram, abrindo espaço para outras mais bem adaptadas à realidade daquele determinado momento.
O encontro com o novo é uma tarefa ardilosa e pode ser deliciosa e fundamental para o crescimento e a satisfação pessoal.
O cenário em torno da reflexão e do planejamento do que se deseja, carrega a tonalidade das experiências individuais e a situação de vida de cada um nesse momento.  Portanto viva-o intensamente.



quinta-feira, 24 de março de 2011

OS HOMENS QUE NAO AMAVAM AS MULHERES



Matéria publicada na Revista UMA, março de 2010, após eu ter assistido, no original, o primeiro filme da triologia do sueco Stieg Larsson, "OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES",