segunda-feira, 26 de março de 2012

PERDOAR FAZ PARTE DA VIDA

REVISTA UMA : edição 12




Quando se fala a respeito do perdão, a tendência de quem perdoará e de quem espera ser perdoado, é linkar essa palavra ao sentido atribuído a ela pelo catolicismo: absolver da pena, anistiar, ausentar de dívida, ou seja, libertar de um fardo, um peso ou uma dívida aquele que é perdoado . No entanto se olharmos sob outro ângulo, o perdão pode ser um ato muito mais relacionado a quem perdoa do que aquele que é perdoado. Nas relações interpessoais, quem esta sujeito ao perdão é aquele que causou raiva ou ressentimento no outro. Em função disso, as lembranças ligadas à experiência que tanto magoou , trazem sofrimento.

Sim, muita gente acredita que perdoar implica no esquecimento da experiência desagradável que tanta dor e inquietação causou. A partir desse ponto de vista um tanto equivocado, se acredita também que quanto menos se falar sobre o tema desagradável mais rapidamente ele será ¨esquecido¨ e conseqüentemente o ¨pecador¨ terá maior chance de ser perdoado. Não há duvida que o tempo ameniza a dor e dilui um pouco a memória dos acontecimentos, porém as experiências mais difíceis da vida são aquelas que menos tendemos a esquecer.

Perdoar seria então conseguir chegar ao estágio onde o ressentimento ou a raiva em relaçao à outra pessoa ou a si mesmo não mais provoquem reações desagradaveis e sofrimento na pessoa que foi magoada. A partir disso, quem perdoou , conviverá com as memórias, que não se apagam, daquilo que tanto o magoou, de outra forma, uma forma isenta de sentimentos, digamos que de uma maneira¨neutra¨. Após o perdão, essas lembranças passam então a serem menos freqüentes. A intensidade começa a diminuir e a qualidade de vida e até a saúde física e psíquica da pessoa tende a melhorar.

Diferentemente da tradição católica, aquele que perdoa se livra então do peso do sofrimento, da raiva e do ressentimento. Além disso, perdoar pode ser bastante delicado em diferentes contextos e, quando se trata de traição em relacionamento afetivo, fica então mais delicado ainda. Isso porque, pó exemplo, um novo envolvimento torna-se mais difícil, pois o novo objeto amoroso facilmente será alvo de sentimentos ruins tão logo, algo que foi dito ou algum gesto ou comportamento relacionado à experiência anterior que deixou raiva, ressentimento e sofrimento, despertem sentimentos que tocam diretamente na ¨ferida¨.
Um subgrupo daqueles que passaram por uma grande decepção afetiva, procura terapia quando percebem uma espécie de¨ trava¨ para um novo relacionamento. Nesses casos, simplificando um pouco, também poderíamos dizer que ainda não foi possível ¨perdoar¨ o que aconteceu, porém buscar na terapia a possibilidade de elaborar a experiência ruim já é uma grande saída para obter melhor qualidade nos futuros relacionamentos. Assim, perdoar seria o processo de cicatrização das feridas que deixam então de incomodar pela dor. Porém as cicatrizes que ficaram trazem a lembrança que melhores escolhas virão. Pense nisso !

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